As salas encheram-se no Porto e em Lisboa, e como seria de esperar, Angra do Heroísmo, sua cidade natal, esgotou dias antes, e o músico foi recebido em verdadeiro ambiente de celebração.
Acompanhado por um quarteto composto por David Vistas na guitarra e coros, André Gomes nas teclas e coros, Francisco Vieira Santos na bateria e Francisco Santos na Viola-baixo, e com uma setlist que percorreu praticamente todo o novo disco – 10 das 11 canções de “Desert of Fools” – Cristóvam fez também questão de revisitar os temas que se tornaram marcos do seu percurso.
Entre eles, o hino de esperança da pandemia, “Andrà Tutto Bene”, a balada “Crooked Lines”, popularizada pela novela Cacau, ou o êxito de stream “Setting Sun”. “Faith and Wine”, protagonizou um dos momentos da noite, levantando o público das cadeiras para um momento de “singalong”, dança e muita energia.
Mas foi a reação às novas canções que mais surpreendeu o artista. O público acompanhou cada uma, num entusiasmo que culminou em momentos únicos — como o assobio coletivo que ecoou durante o single “Simplify”, e o coro espontâneo que a canção inspirou.
“Quando escrevo canções, faço-o, antes de mais, para mim. É a minha forma de lidar com o que sinto e com o que vivo. Como acontece com quase todos os cantautores, mesmo que soe a cliché, há uma certa catarse nesse processo de criação.Mas, quando as canções ficam concluídas, chega o momento de as partilhar e perceber como o público as acolhe, como as pessoas as integram nas suas próprias vidas e, de certa forma, as tornam suas.
É sobretudo quando as toco ao vivo que sinto esse efeito de boomerang: as canções regressam a mim e percebo realmente se foram bem recebidas. Estes concertos foram incríveis porque senti as músicas a encontrarem o seu caminho até às pessoas. E poder fazê-lo em salas icónicas, cheias de gente bonita, ao lado de músicos que tanto admiro, tornou essa experiência profundamente gratificante.” – Explica Cristóvam.
Entre a poesia das novas canções e o carisma de quem sabe construir pontes entre as ilhas e o mundo, Cristóvam confirmou nestes concertos porque é hoje uma das vozes mais autênticas e emocionais da música portuguesa.