Miguel Araújo celebra 20 anos de carreira com um “aniversário cigano” de três dias na Super Bock Arena

Miguel Araújo esgotou tão depressa o concerto dos 20 anos de carreira que acabou por ter de dar três. No primeiro de três “dias de festa”, o músico portuense celebrou com amigos, família e um público rendido, num espetáculo de quase quatro horas de pura emoção e nostalgia.

Miguel Araújo prometeu uma festa e acabou a dar três. O músico portuense celebrou 20 anos de carreira com um verdadeiro “aniversário cigano” — daqueles que duram mais de um dia —, esgotando sucessivamente a Super Bock Arena e provando que o tempo e o talento o tornaram um dos nomes maiores da música portuguesa.

Durante 3 horas e 40 minutos, o público viajou por duas décadas de canções, memórias e cumplicidades. O repertório foi uma linha do tempo viva — desde os tempos d’Os Azeitonas, onde tudo começou, passando por temas emblemáticos como “Os Maridos das Outras”“Dona Laura” ou “Aviões”, até chegar às composições mais recentes.

Mas a noite foi muito mais do que um concerto. Foi uma celebração de afetos. A cada canção, Miguel Araújo chamava ao palco os amigos que o acompanharam ao longo do percurso, apresentando-os com histórias, risos e gratidão.

O primeiro a juntar-se-lhe foi João Só, apresentado como um bom amigo, “daqueles que a vida faz questão de guardar”. Em tom emocionado, João Só confessou ao público que a maior honra que tem é o filho chamar “tio Miguel”: “É da família!”

Seguiu-se António Zambujo, o eterno parceiro de canções e de cumplicidades artísticas, e depois Rui Veloso, a quem Miguel apresentou como o seu “Elvis”. O público ouviu divertido a história de um churrasco de família, onde um jovem Miguel confessou ao músico veterano que queria ser artista — e recebeu como resposta uma daquelas frases que ficam para a vida: “Nunca te metas nessa merda (na música)!”

Mais adiante subiram ao palco Os Quatro e Meia, que trouxeram a energia e o humor que lhes são característicos, antes de chegar o momento mais nostálgico da noite: o reencontro com Os Azeitonas.

Foi com Salsa e Nena que começaram a revisitar as origens, numa homenagem sentida à banda onde tudo começou. E, no derradeiro tema da noite, “Miúda”, entrou também Marlon, o elemento em falta, para fechar o círculo com a formação completa — uma espécie de regresso a casa, num abraço musical carregado de simbolismo.

Nas redes sociais, Miguel Araújo tinha lançado o desafio de todos se apresentarem de fato e gravata (ou vestido) — músicos, técnicos e até o público. A adesão não foi total, mas foi notória. O próprio filho do músico, Joaquim, vestiu pela primeira vez um blazer e uns “sapatinhos de pala”, subindo ao palco para tocar “Balada Astral” com o pai e, mais tarde, “Dona Laura”. Um momento terno e simbólico, a mostrar que o futuro está vivo no sangue.

Quando o concerto terminou, já passavam quase quatro horas. E ainda assim, ninguém parecia querer sair. Era o primeiro dos três dias, mas esse primeiro terá sempre um sabor especial — o da surpresa, da emoção crua e da vontade de celebrar.

Os concertos seguintes prometem repetir o êxito, mas o essencial já foi dito: Miguel Araújo é, e será sempre, um dos nossos. Do norte, da música e do coração de quem o ouve.

Galeria completa no

Viva a música, viva o Miguel Araújo — e que venham mais 20 anos de canções.