Pedro Abrunhosa encerrou ontem, na Super Bock Arena, uma série de quatro concertos que homenageiam os 30 anos do seu icónico álbum Viagens. Numa noite marcada pela energia e nostalgia, o público portuense encheu a sala — ou “Pavilhão Rosa Mota”, como o músico faz questão de a chamar —, para a última e mais intimista apresentação da série. Apesar da ausência de Cláudia Pascoal, que esteve presente nos concertos anteriores, o artista e a sua banda mantiveram o entusiasmo e entregaram um espetáculo marcado pela intensidade emocional e por uma viagem ao longo da sua carreira.

A experiência começava, ainda antes do espetáculo, quando alguns fãs passaram por um episódio menos agradável. Várias pessoas que compraram bilhetes através do site Viagogo acabaram por descobrir que os mesmos bilhetes tinham sido vendidos a diferentes pessoas. Decepcionados e irritados, muitos dos lesados tiveram de se deslocar à bilheteira para resolver a situação. Ainda assim, para a maioria, o espetáculo foi compensador, permitindo-lhes viver o que foi descrito como uma “noite memorável”. Em tom de Serviço público, aconselhamos sempre a que a compra dos bilhetes seja feita através dos sites habituais que, normalmente, são referidos nas divulgações da comunicação social.

O concerto abriu com o tema “Viagens” e, logo a seguir, com “Estrada” levando o público a entoar os primeiros versos com emoção. A setlist da noite foi um tributo aos principais êxitos do artista, incluindo faixas de Viagens até Espiritual, que foram recebidas com aplausos e cantadas em uníssono pela audiência. No entanto, um dos momentos mais especiais da noite foi a estreia ao vivo de “Mais Perto do Céu”, uma nova composição assinada por Léo Barreiros, filho do Bandemónio Mário Barreiros. A presença de pai e filho no palco deu um ainda mais familiar ao espetáculo, reforçando o caráter único da noite.

Temas como “Não Posso Mais”, “Talvez F*” e “Acima & Abaixo” reacenderam memórias e energizaram o público, mas foi “Ilumina-me” que atingiu o auge da noite. A canção, uma das mais queridas pelo público, gerou uma atmosfera mágica, com os espectadores iluminando a arena com os ecrãs dos seus telemóveis, criando um cenário inesquecível.

Mais uma vez, o concerto girou em torno do tema — e da palavra — PAZ, algo que Pedro Abrunhosa sublinha incansavelmente como pilar essencial em tempos de crescente divisão. Em tom comovente, houve ainda espaço para recordar a emblemática “Balada da Gisberta”, uma canção escrita por forma a eternizar o trágico incidente, recordado pela voz de Pedro Abrunhosa como “um par de putos estúpidos que assassinou um transsexual” — uma referência ao brutal homicídio de Gisberta, que ainda hoje ecoa como um símbolo de luta contra a intolerância e o preconceito. O tema foi cantado pelo magistral Paulo Praça.

Pedro Abrunhosa e os Bandemónio ofereceram uma despedida que ficará guardada na memória de quem esteve presente. A noite não só celebrou Viagens, mas também o espírito resiliente do artista, que, tal como o seu público, continua a encontrar na música uma forma de transpor barreiras e unir gerações.

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